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Trabalho híbrido anima coworkings, que se preparam para aumentar a oferta

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Enquanto donos de lajes corporativas sofrem com grandes empresas devolvendo escritórios, as empresas de coworking investem para voltar com tudo. Elas apostam que o modelo de trabalho híbrido veio para ficar, já conseguem respirar na superfície depois de um 2020 navegando por águas turbulentas e agora enxergam tempos de bonança pela frente.

Para muitas empresas, já não faz sentido manter escritórios enormes enquanto a tendência de trabalho remoto foi acelerada pela pandemia de Covid-19. O remoto – de casa ou local terceirizado – alternado com idas à sede da empresa durante a semana forma o modelo híbrido, tão comentado enquanto a vacinação contra Covid-19 avança.

Uma pesquisa global da Accenture com 9,6 mil entrevistados mostrou que o trabalho híbrido será ou já é realidade para a maioria dos trabalhadores. Dos 512 brasileiros ouvidos pela consultoria, 60% disseram que seu empregador mudou ou vai mudar suas funções ou estrutura da equipe para se adaptar a novos modelos de trabalho.

Ao mesmo tempo, São Paulo registrou um encolhimento de 260 mil metros quadrados de áreas comerciais ocupadas no primeiro semestre. O decréscimo na cidade do Rio de Janeiro foi de 122 mil metros quadrados, segundo a plataforma Buildings, empresa especializada em pesquisa imobiliária corporativa.

Outro levantamento, feito pela JLL, especializada em serviços imobiliários, com 2 mil profissionais, mostrou que apenas 10% querem voltar ao escritório em tempo integral, enquanto 24% querem trabalhar remotamente. Outros 66% querem um modelo híbrido.

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O híbrido anima

Com modelos de trabalho mais flexíveis, os empregadores podem diminuir suas sedes e abrigar os híbridos em coworkings. Pelo menos é isso que querem as empresas do setor.

Soluções como as da BeerOrCoffee permitem que o empregador pague pelo espaço compartilhado somente quando os funcionários usarem. A ideia é oferecer mais flexibilidade que um contrato de locação. XP, Ambev, iFood e Stellantis são clientes da plataforma, que funciona como um marketplace de coworkings.

Roberta Vasconselos, CEO da BeerOrCoffee, diz que decisões da liderança sem consulta aos colaboradores já não funcionam e que “as empresas precisam pensar em políticas flexíveis para as pessoas”. Ela conta que a maioria de seus clientes planeja trabalhar em coworkings e escritórios próprios a partir de agosto.

Mesmo no pior mês para a empresa, em julho do ano passado, Roberta conta que a perspectiva ainda era boa, já que entendia que o sofrimento era momentâneo e que a pandemia aceleraria a tendência de modelos híbridos de trabalho, beneficiando as empresas que conseguiram sobreviver à tempestade do ano passado.

Essa mesma linha de pensamento foi seguida pelo gigante WeWork. Enquanto o pior da pandemia parece ter ficado finalmente para trás, a empresa planeja inaugurar coworkings no Brasil ainda este ano.

“A operação no Brasil ainda é muito pequena. Tem gente me procurando para fazer WeWork em qualquer lugar que você pensar”, conta Lucas Mendes, diretor-geral da operação brasileira.

Em dezembro de 2019, a empresa reportou ter 662 mil membros em todo o mundo. O número caiu para 490 mil 12 meses depois. Com a reabertura das economias mundiais, houve recuperação e a empresa fechou maio deste ano com 505 mil membros.

Os números de ocupação da operação brasileira não são divulgados, mas Lucas garante que os coworkings daqui tiveram números melhores que a média global. Durante a pandemia, foram quatro unidades abertas do WeWork no Brasil, todas em São Paulo.

Com a tendência do trabalho híbrido, Mendes diz estar “bem otimista”. Para dar a flexibilidade aos seus clientes – a maioria grandes empresas – sua empresa criou o modelo de cobrança por hora de uso dos postos de trabalho e um plano que dá acesso a qualquer uma das 32 unidades do WeWork espalhadas pelo Brasil.

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Mercado crescendo

Com os ventos mudando no setor de coworkings, o mercado começa a amadurecer e players de nicho começam a aparecer. Estações de trabalho compartilhadas entre colegas de profissão já são realidade aqui. Nosso ecossistema já conta com coworkings dedicados a cozinheiros, médicos, advogados e até marceneiros.

Geralmente, o grande atrativo é a diminuição de custo com maquinário. A interação com outras pessoas da profissão e serviços personalizados também atraem profissionais aos novos coworkings.

A Law Works criou um escritório de advogados por demanda. Os profissionais do direito têm acesso a salas privativas, serviço de entrega de documentos em cartórios e tribunais e de recepção. Além disso, podem trabalhar ao lado de colegas e trocar experiências, se quiserem.

“Cada profissão precisa de ambientes, networking e endereços diferentes. Advogados querem trabalhar perto dos clientes, com um ambiente sóbrio, pois tratam de assuntos delicados”, explica Leo Fischer, cofundador da Law Works.

A empresa já tem um escritório em Buenos Aires, na Argentina, e decidiu vir ao Brasil em maio do ano passado, num momento de muita incerteza. As obras começaram em dezembro e a operação brasileira teve início no mês passado com 104 estações de trabalho.

“Não sentimos medo. A maioria dos coworkings já sentia que a transição para o home office seria uma realidade antes mesmo da pandemia e poderia beneficiar o setor”, afirma Fischer.

Para o empresário, o setor deve ser tão beneficiado que o caminho natural foi pensar em uma estratégia de expansão agressiva, com planos de abertura nas avenidas Faria Lima e Paulista, em São Paulo e outra unidade na Cidade do México.

São Paulo tem também um coworking para marceneiros. A Fabriko nasceu com a proposta de dar acesso a máquinas caras a quem não consegue investir nesses equipamentos. São quatro bancadas de trabalho e a cobrança depende de quais máquinas são usadas pelos marceneiros.

Assim como a Law Works, a Fabriko aproveita para oferecer serviços aos profissionais que trabalham lá, que podem contratar ajudantes e fazer cursos com a empresa.

“As pessoas pesquisam na internet lugares para trabalhar e encontram a Fabriko. Fazem serviços pontuais ou usam nosso espaço como mensalistas”, conta Luiz Henrique Renault, cofundador da empresa.

Para Roberta Vasconselos, do BeerOrCoffee, o crescimento do setor de coworkings se dará através de pequenos players, como a Law Works e a Fabriko. “Não vai ser através das grandes redes”, afirma.

Fato é que quem está nesse mercado está muito confiante e vê espaço para crescimento. “Ambientes compartilhados representam de 2% a 5% do mercado imobiliário atualmente e podem chegar a 30% em 20 anos”, segundo Lucas Mendes. O futuro que eles enxergam é animador.

Fonte: CNN Brasil

 

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